ATA DA SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.01.1998.
Aos quatorze dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia,
Eliseu Sabino, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum e Renato Guimarães, Titulares, e Henrique
Fontana e Pedro Américo Leal, Não-Titulares. Ainda, durante a Reunião,
compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Clovis Ilgenfritz, Fernando
Záchia, Isaac Ainhorn, Nereu D’Ávila e Reginaldo Pujol, Titulares, e João
Carlos Nedel, Não-Titular. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos
de cópias da Ata da Primeira Reunião Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos
Nedel, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de
Providências e o Pedido de Informações nº 02/98 (Processo nº 152/98); pelo
Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências. Ainda, foi apregoado Ofício do
Vereador Henrique Fontana, comunicando estar reassumindo a vereança neste
Legislativo, a partir do dia doze de janeiro do corrente, tendo o Senhor Presidente
informado que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos e a suplência da Segunda Comissão Representativa da Décima
Segunda Legislatura, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores. Ainda, o Senhor
Presidente informou que, com o retorno do Vereador Henrique Fontana, cessou a
titularidade na vereança do Suplente Cyro Martini. Do EXPEDIENTE constaram:
Ofícios nºs 546/97 e 04, 05, 06, 07, 20 e 21/98, do Senhor Prefeito Municipal
de Porto Alegre; 02/97, do Vereador Lauro Hagemann, Presidente da Comissão
Especial constituída com a finalidade de analisar o projeto de alteração do
Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre; 1673/97, do Senhor Renato da
Costa Figueira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RS; 3052,
3129, 3169, 3194, 3196, 3198, 3202, 3233 e 3258/97, do Senhor Gilberto Mussi,
Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; 12797/97, do Senhor Ênio Meinem,
Superintendente da Cooperativa Central de Crédito do Rio Grande do Sul Ltda. -
SICREDI Central; Convites: do Vereador Genésio Monteiro, Presidente da Câmara
Municipal de São Leopoldo, para a solenidade de inauguração do novo prédio
desse Legislativo; das Prefeituras Municipais de Porto Alegre, Viamão e
Alvorada, para o ato de assinatura do Protocolo de Cooperação para o
Gerenciamento Integrado da Bacia do Arroio Feijó; da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, através do Departamento
Municipal de Água e Esgotos - DMAE, para a apresentação do
"Programa Hidrantes" e para a entrega do 2º módulo da Estação de
Tratamento de Esgotos Ipanema; da Secretaria Municipal de Cultura, para a
cerimônia de entrega dos Troféus Açorianos e Tibicuera; da Secretaria
Municipal de Cultura, através do Museu Joaquim José Felizardo, para a abertura
da exposição "As espiritualidades da Cidade Baixa"; da direção do
Departamento de Ensino da Brigada Militar e dos formandos do Curso de Instrutor
de Educação Física, para a solenidade de formatura. A seguir, o Senhor Presidente
registrou a presença, na Mesa dos trabalhos, do Senhor Vicente José Rauber,
Diretor do Departamento de Esgotos Pluviais - DEP, que comparece à Casa nos
termos do Requerimento nº 304/97 (Processo nº 3842/97), de autoria do Vereador
Isaac Ainhorn. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Senhor Vicente José Rauber, que discorreu sobre as atividades realizadas pelo
Departamento de Esgotos Pluviais e prestou esclarecimentos acerca dos
alagamentos ocorridos na Capital por ocasião das fortes chuvas ocorridas
durante os últimos dias. Na ocasião, os Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib,
Adeli Sell, Nereu D'Ávila, Maria do Rosário, Paulo Brum, Carlos Garcia, Clovis
Ilgenfritz, Renato Guimarães e Pedro Américo Leal formularam questionamentos ao
Senhor Vicente José Rauber e manifestaram-se acerca do assunto em debate.
Também, o Senhor Presidente registrou a presença do Engenheiro Álvaro Pedroti
e, respondendo à Questão de Ordem da Vereadora Maria do Rosário, prestou
esclarecimentos acerca da forma de questionamento, pelos Senhores Vereadores,
do Senhor Vicente José Rauber. Às doze horas e doze minutos, os trabalhos foram
suspensos, nos termos regimentais, sendo reabertos às doze horas e treze
minutos, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador João Dib teceu considerações acerca do Requerimento nº 09/98
(Processo nº 131/98), de sua autoria, que solicita seja manifestado o repúdio
deste Legislativo à declaração à imprensa efetuada pela Deputada Luciana Genro,
segundo a qual os políticos são classificados como "corruptos". A
Vereadora Maria do Rosário teceu críticas a votações efetuadas pelo Congresso
Nacional, alterando as relações trabalhistas vigentes no País. Também,
posicionou-se contrariamente às mudanças no plano de carreira para o
Magistério, aprovadas pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do
Sul. Ainda, esclareceu os motivos pelos quais solicitou a juntada de
documentação ao Requerimento nº 09/98 (Processo nº 131/98 - Moção de Repúdio à
declaração da Deputada Luciana Genro, em programa da Rádio Guaíba, de que
"o político é corrupto"). Às doze horas e vinte e oito minutos, constatada
a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz,
Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores
Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Temos a presença do Dr. Vicente José Rauber, Diretor do Departamento de
Esgotos Pluviais do Município de Porto Alegre, para prestar informações acerca
de alagamentos ocorridos na Capital, de acordo com Requerimento nº 304/97, de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, Processo nº 3842/97.
De acordo com o art. 138 e
parágrafos do Regimento desta Câmara Municipal, o Dr. Vicente Rauber terá,
inicialmente, 30 minutos para fazer a exposição dos motivos que originaram o
seu comparecimento nesta Casa. Posteriormente, o requerente, Ver. Isaac
Ainhorn, terá 10 minutos, e os demais Vereadores que se inscreverem, até o
máximo de nove, cada um terá 5 minutos.
A palavra com o Dr. Vicente
Rauber.
O SR. VICENTE
RAUBER: Bom
dia meu caro Presidente Ver. Luiz Braz; bom dia meu caro Ver. Juarez Pinheiro,
Secretário; bom dia, companheira Vera. Maria do Rosário, Líder da Bancada do
PT, nesta Casa; bom dia, digno Ver. João Dib, Líder da Bancado do PPB; bom dia
Ver. Lauro Hagemann, Líder da Bancada do PPS; bom dia Ver. Carlos Garcia, Líder
da Bancada do PSB; bom dia Ver. Paulo Brum, representando aqui, junto com o
Presidente da Casa, a Bancada do PTB; e, também, uma saudação especial a quem
nos convidou, Ver. Isaac Ainhorn, digno representante da Bancada do Partido
Democrático Trabalhista.
Ao saudar as lideranças
partidárias, desejo saudar a todos e, antes de qualquer coisa, quero externar a
minha satisfação em aqui estar. Mais do que uma prerrogativa constitucional da
Câmara de fiscalizar o Executivo, esta é uma importante oportunidade para conversamos sobre os
sistemas de proteção contra inundações e o sistema de drenagem de nossa
Capital, falarmos das virtudes e deficiências desses sistemas, trocarmos
idéias, porque, na nossa opinião, isso é absolutamente fundamental para o
esclarecimento dessa matéria. Convencidos estamos de que as inundações, os
alagamentos e os problemas decorrentes deles também são resolvidos por esse
tipo de obras, mas não são, exclusivamente, resolvidos ao enterrarmos canos, ao
enterrarmos galerias de concreto, também temos que trabalhar corretamente as
informações. Como sabemos, há uma grande confusão de informações quanto a esse
fato, e nem sempre a mídia nos ajuda adequadamente no sentido de esclarecer
exatamente qual o problema. Por isso essa oportunidade é importante, para
trazermos os esclarecimentos, sem, com isso, obstruirmos qualquer possibilidade de crítica. Fomos convidados
para falar sobre os alagamentos ocorridos nesta Capital no período do Natal.
Apenas para fazermos uma comparação com o que ocorreu no Rio de Janeiro, o
ocorrido aqui é semelhante quanto à dimensão da chuva, quanto as suas
características e com, praticamente, o mesmo nível de precipitação
num período semelhante. E comento isso para dizer que em outras cidades existem
muito mais problemas de saneamento, problemas de drenagem urbana e isso já é
conhecido de todos. E aceitamos vir
aqui fazer o debate quanto aos limites de Porto Alegre, ou seja, como podemos
melhorar a nossa situação aqui, já que reconhecemos que ainda há deficiências e
que, parte delas, são históricas e outras são deficiências estruturais,
praticamente insolúveis no seu todo, mas amenizáveis em parte. Adiantamos uma cópia desse livrinho, pois a
edição está completamente esgotada. Aqui apresentamos um pouco do Sistema de
Proteção contra Inundações em Porto Alegre e de drenagem urbana. Com isso,
fazemos um primeiro esclarecimento, são duas coisas distintas: uma coisa é o
Sistema de Proteção contra Inundações, que foi implantado na Cidade em 1941,
ele foi referência para a implantação do sistema de proteção contra
inundações, isto é, evitar que as águas
do Rio Gravataí, da região norte da Cidade, e do Rio Guaíba, da região centro
sul da Cidade, invadam a região urbanizada. Para isso várias alternativas foram
estudadas, que o livrinho aborda. O sistema adotado é exatamente o sistema de
diques, que vai desde o entroncamento da Assis Brasil com a “Freeway”,
contornando a Cidade até a região sul, no morro da Assunção, portanto toda essa
volta é protegida por um conjunto de diques.
O Muro da Mauá nada mais é do que a conexão entre dois diques, da Av.
Castelo Branco e da Av. Edvaldo Pereira
Paiva, mais conhecida como Av. Beira Rio. Fazem essa conexão entre os dois
diques para fechar esse cerco, essa proteção em relação à Cidade. O Muro da Mauá e o conjunto de comportas que
estão colocados ao seu longo fazem a defesa da entrada da invasão dessas águas.
No entanto, é preciso um segundo sistema, um sistema que vai retirar as águas
de dentro da Cidade para fora. Esse sistema é composto por alguma coisa entre
três mil quilômetros de rede de galerias, de arroios e condutos forçados. Quem faz a conexão entre os dois sistemas, o
de retirar a água para fora e o de
evitar que as águas do Guaíba e Gravataí invadam Porto Alegre? É feita pelo
conjunto de 18 casas de bombas, sendo
que 14 estão ao longo dos diques que citamos, e 4 são internas, com funções
mais típicas de drenagem. Portanto, quando chove, as águas de dentro de Porto Alegre com sua própria força e
energia não têm condições de entrarem sozinhas no rio e são auxiliadas pela pressão promovida por esse conjunto de
casas de bombas que existem em nossa Cidade.
Nas páginas 29 e 30 temos a
relação das casas de bombas, onde citamos os endereços de cada uma, qual a área
que deve proteger e características técnicas, tais como potências elétricas e mecânicas. Portanto,
nessa publicação existe um conjunto de informações que serão úteis aos Srs.
Vereadores.
Esses são os sistemas de
drenagem e proteção contra inundação de Porto Alegre. Embora seja
simplificativo o volume de obras e de
recursos já implantados, e de forma
intensa nos últimos sete a oito anos, esses sistemas ainda não são completos. Falta um sistema de macrodrenagem. Falta
um conjunto de obras simplificativas e
que estão já planejadas e projetadas, e parte alocadas dentro do nosso Plano
Plurianual. Portanto, é um sistema que precisa sofrer melhoramentos através de
várias obras que estão sendo
encaminhadas e em algumas regiões da
Cidade, que, praticamente, já têm a sua infra-estrutura completa, mas que pelas
suas características de serem áreas completamente baixas e planas; são baixas,
estão um pouco acima - 1 m, 2 m - do nível das águas do Rio Guaíba, e são
planas, portanto, têm enormes dificuldades de escoamento. Na verdade, são
antigos banhados. Citamos, principalmente, as regiões do Sarandi, a região onde
hoje se situa o Bairro Anchieta, bem como a região onde se situa o bairro
Humaitá, na Vila Farrapos, regiões muito baixas e planas, e mesmo com
bombeamento, mesmo com praticamente toda a infra-estrutura implantada, nas chuvas maiores teremos dificuldades em fazer um escoamento mais
rápido, porque a água tem enorme dificuldade em escoar, porque ela escoa
lentamente e, ao escoar lentamente, é inevitável que ela se acumule durante
algum período. Outra questão relevante que queremos esclarecer é a seguinte: ainda
que nós tivéssemos toda a infra-estrutura completa no nosso Município, ainda
assim, nas chuvas maiores, nós teríamos níveis de alagamentos. Essa questão é
fundamental para nós compreendermos, para convivermos com esse fenômeno das
chuvas. Eu repito, se tivéssemos toda a infra-estrutura implantada e em plena
condição de funcionamento, ainda assim teríamos acúmulos da água nas chuvas
excepcionais. Assim o é em qualquer parte do 1º Mundo, desde Tóquio, Nova
Iorque ou em qualquer lugar, porque o custo de implantação de infra-estrutura
pluvial é razoavelmente econômico para 80% das chuvas, ou seja, para a ampla
maioria das chuvas; além disso, para as chuvas excepcionais o custo se torna
absolutamente elevado, praticamente antieconômico. Então, qual é o consenso que
existe entre engenheiros projetistas em nível internacional e se faz projetos
para resolver 80% das chuvas, se procura verificar algumas situações críticas
dentro do sistema e se coloca esse projeto dentro do sistema para ver qual a
cobertura melhor, mas, inevitavelmente, aquelas chuvas, ditas excepcionais,
aquelas que têm tempo de recorrência,
dentro das especificações técnicas, aquelas de dez ou vinte anos, essas
acumulam água e teremos que conviver com esse acúmulo de água. São chuvas que caem durante, trinta,
quarenta e cinco ou sessenta minutos. Isto, digamos, é normal em qualquer
sistema, ainda que ele esteja coberto,
ainda que ele esteja funcionando adequadamente. O que não é normal é que se estenda água durante meio dia,
durante um dia, situação que tínhamos há sete ou oito anos e que, felizmente,
este tipo de situação não mais existe.
Apresentamos aos Senhores
Vereadores, ainda preliminarmente, relatório das atividades desenvolvidas no
ano de 97.
Gostaria de dizer aos
Senhores que, todos os dias, vão para as ruas de Porto Alegre vinte e cinco
turmas que fazem reconstrução e desobstrução de redes. São vinte e cinco turmas
que são reforçadas por programas especiais de limpeza e recuperação de bocas-de-lobo. Essas vinte e cinco turmas
atenderam no ano de 97, 18.042 demandas que são as solicitações feitas pelo
conjunto da população.
Nós conseguimos fazer um
programa forte de recuperação de 133 arroios e valos e, inclusive, trabalhamos
com as escolas e com a população da região em programa de educação ecológica,
em função do adequado funcionamento do sistema pluvial dos arroios e valos da
nossa Cidade. Nós conseguimos desobstruir redes da ordem de 170 quilômetros,
além de um conjunto significativo de dragagem - aproximadamente metade das
bocas-de-lobo da Cidade foram limpas.
Na operação das 18 casas de
bombas e na manutenção de todo o sistema foram gastos, no ano passado, cerca de
sete milhões e 500 mil reais, que estão especificados na página cinco da versão
preliminar do nosso Relatório. O Programa de Obras de 97 também foi
significativo. Temos 11 obras concluídas e estamos concluindo duas obras de
significativo porte, que são o Arroio Paula Soares e a Sanga da Morte. Esta
última está sendo realizada há três anos e deve ser concluída ainda no primeiro
semestre deste ano. Portanto, temos aí um conjunto de obras e de ações de
operação e conservação dos sistemas que foram realizados e que oferecem os
resultados que estamos apresentando.
Para este ano estão
programados um conjunto de 25 obras e uma ação importantíssima, que é o início
da compilação do nosso Plano Diretor de Drenagem, que deverá ser executado
juntamente com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. Através deste
Plano Diretor de Drenagem, nós vamos avaliar os próprios sistemas de drenagem e
de proteção contra inundações; vamos verificar se está bem dimensionado ou não
e que providências devem ser acrescentadas para a sua melhoria. Então, temos,
no nosso Plano de Obras, um conjunto de 25 obras, todas relacionadas nesse
relatório que os Srs. receberam.
Quero ainda esclarecer o que
faz o DEP. Como eu já disse, o DEP tem duas funções importantes: primeira,
fazer a operação do sistema de pressão contra inundações, para que as águas de
Gravataí e Guaíba não invadam Porto Alegre; segunda, desenvolver obras, ações,
e fazer a sua conservação, para que as águas das chuvas sejam retiradas de
dentro para fora, o mais rapidamente possível - que são as ações de drenagem.
Além disso, o DEP faz a
coleta de 30 % do esgoto sanitário de Porto Alegre, auxiliando o DMAE nessa
tarefa. Essa coleta é feita nas chamadas "redes
unitárias", aquelas que carregam todas as águas das chuvas, como do esgoto
sanitário. Essas são as tarefas do DEP.
Qual é o ponto mais frágil e
crítico do nosso sistema hoje? É, exatamente, o sistema de bombeamento, que foi
implantado há mais de 30 anos; os equipamentos, portanto, já são antigos e
necessitam de reformas significativas para o seu funcionamento. Através do
Plano Diretor de drenagem, que já
referimos, vamos avaliar inclusive o
projeto dessas casas de bombas, para saber,
se depois de 30 anos, elas ainda têm capacidade suficiente para
atender às regiões que protegem,
ressalvando o grande grau de
urbanização que essas regiões sofreram. A urbanização incide profundamente na
drenagem, porque à medida em que são
ocupados os solos, onde a água, antes infiltrava, e agora precisa ser
escoada, há um volume crescente de água a ser escoada pela mesma
infra-estrutura implantada.
Ainda em novembro, tomamos
um conjunto de medidas que estão referenciadas nesta síntese: contratos atuais
para reformas em casa de bombas com serviços em andamento. Na ocasião,
contratamos a reforma de 16 grupos de motor-bomba, com a reforma de comportas em quatro casas de
bombas e com a reforma do quadro de baixa tensão em uma casa de bomba. Todas
essas providências foram tomadas ainda em novembro, e estão todas em andamento.
Diria que, até o final de janeiro, deverão estar concluídas.
Com as chuvas excepcionais
que tivemos após o período de Natal houve deterioramento de grande parte deste
parque de máquinas. Sistema que já vinha-se deteriorando. A situação se agravou
com as chuvas que tivemos. Em função disso definimos, junto com o Prefeito, um
plano emergencial de recuperação do nosso sistema pluviométrico. Este plano
inclui a reforma de mais 17 grupos motor-bomba, inclui outras reformas no
sistema elétrico e também de comportas e limpeza, próximo aos reservatórios que
funcionam junto a essas casas. Com isto pretendemos que todas as 18 casas tenham
o seu pleno funcionamento durante as 24 horas do dia.
Outra medida importante que
acrescentamos neste plano emergencial é o retreinamento de todos os operadores
dessas casas de bombas, porque é uma necessidade profissional de qualquer um,
inclusive desses profissionais que atuam numa situação tão essencial.
Creio, Sr. Presidente, que
esta manifestação geral é um quadro muito sintético que damos do quadro geral,
dentro dos limites do tempo que dispomos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está
com a palavra. V. Exa. tem 10 minutos.
O SR. ISAAC
AINHORN:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Antes de mais nada quero cumprimentar o Sr. Diretor do DEP pela sua vinda a esta
Casa, a sua pronta disposição em aqui comparecer, após a transformação da
convocação em convite. Eu cumprimento
V. Exa. pela presteza com que se dispôs a, democraticamente, comparecer
a esta Casa para prestar os esclarecimentos
necessários.
Sr. Diretor do DEP, esta Casa, como representação política e administrativa dos cidadãos que
compõem esta Cidade, eleitos pelo voto, é a caixa de ressonância das
inquietudes, das críticas e das próprias insatisfações da Cidade. Mas,
sobretudo, quando a Cidade, a sua população inquieta-se, preocupa-se, esta Casa
é fortemente acionada. E o foi, mesmo
nesses dias de fim de ano, em meio às
comemorações de fim de ano, e a entrada do início do ano, pelo verdadeiro caos
que em alguns momentos tornou-se a vida para a Cidade de Porto Alegre, em
diversos pontos tomados por enxurradas e alagamentos, em áreas em que não
ocorriam alagamentos. O sentido do convite a V. Exa. para que aqui comparecesse
é para que nos proporcione os devidos esclarecimentos. V.Exa., de imediato,
reconhece que o sistema de bombeamentos de águas na Cidade de Porto Alegre, neste momento, é crítico. Quero
manifestar a minha preocupação até porque há oito anos o Prefeito Olívio Dutra
para cá encaminhou, e esta Casa aprovou um Projeto, sem o voto deste Vereador,
mas com o voto da maioria da minha Bancada,
criando a Taxa de Esgotos Pluviais, exatamente sobre aquelas economias que
não tinham o serviço cloacal, mas que
dispunham do serviço pluvial - em alguns casos até não dispunham - e são
cobradas em cujas águas correm em direção aos arroios da Cidade. Isso
fortaleceu inegavelmente o Departamento de Esgotos Pluviais. Então, passamos a
não compreender, pois com a receita representativa e significativa que tem o
Departamento de Esgotos Pluviais, ao lado de uma confissão de V.Exa. de que,
neste momento, o sistema de bombeamento das águas de Porto Alegre é crítico. Eu
até vou procurar esclarecimentos de V.Exa., Diretor do Departamento, e procurar
a assessoria de elementos técnicos para explicar o que foi feito nesses oito
anos em relação a essas bombas que chegaram a um estado crítico e que têm
existência de tempo maior.
Eu lembro aqui a situação
crítica permanente de alagamentos em frente ao Beira-Rio, e chegou-se ao ponto
de se dizer que aquilo não tinha solução. Abriu-se, foi feito um diagnóstico e
se encontrou um retorno de águas, elas iam e vinham por uma desconformidade do
sistema das plantas da Prefeitura com a realidade subterrânea, que era outra,
que não a dos mapas e plantas daquela região. Foi aberto e solucionado o
problema.
Outro dado que eu gostaria
de considerar e, certamente, pelo sorriso da foto estampado no “Correio do
Povo” de V.Exa., do Prefeito Raul Pont e do Secretário da Fazenda, V.Exa.
receberá os recursos do DEP para fazer as obras. Fiquei muito satisfeito em ver
aquela foto e as manifestações ali registradas porque, dentro do sistema
democrático, a crítica construtiva traz essas alternativas, e até cumprimento o
espírito democrático, pois a pressão da população, a manifestação desta Casa
cobrando posições e a mídia cobrando, fez com que o Prefeito voltasse os olhos
para o Departamento de Esgotos Pluviais. Que bom que isso aconteceu! Nós nos
sentimos, como conjunto do Legislativo, partícipes deste processo. É isso que
eu entendo, mas acho que nós temos que aprofundar mais especificamente a
questão de avaliação da questão dos nossos esgotos pluviais. V. Exa. tem razão
quando diz, no seu opúsculo, sobre o sistema de proteção contra alagamentos, na
obra publicada já há alguns anos, com prefácio da figura extraordinária do
Jornalista Alberto André:
"Prevenir é o melhor remédio."
O SR.
PRESIDENTE: Vereador,
eu comunico que tivemos um problema no nosso sistema eletrônico de marcação de
tempo e lhe concedemos mais dois minutos.
O SR. ISAAC
AINHORN: Uma
outra questão fundamental, já que se fala muito em discrepância entre as
plantas dos esgotos pluviais da nossa Cidade e, sobretudo, nos pontos críticos,
com a realidade subterrânea da Cidade, é a busca de tecnologias modernas para
diagnosticar onde e por que as águas estão subindo à superfície e por que não
há vazão? Há entupimento? É óbvio aumentar os números de telheiros na Cidade de
Porto Alegre? As quedas aumentaram. Asfaltamentos, que o senhor sabe, que
muitas vezes são feitos contrários a qualquer sistema e critério científico -
exemplo disso é a Rua do Parque, no 4º Distrito, era um local permanente de
enchentes, antes de se mexer nos esgotos pluviais daquela área se colocou o
asfalto, inclusive, uma questão muito séria, tapando as bocas-de-lobo, o que
agravou, nessas enxurradas, os alagamentos naquela região.
Isso são questões técnicas
que colocamos e cobramos do senhor e queremos esclarecimentos, porque a Cidade
está desconforme de isso que está ocorrendo em matéria de alagamentos.
Dizemos até que as
explicações, Engº Rauber, a quem pessoalmente tenho uma enorme admiração pelo
seu trabalho, que conheço há anos, junto à Prefeitura, já passou pelo DEMHAB,
pela assessoria de engenharia da Prefeitura, não nos são, a meu juízo,
satisfatórias até esse momento.
Portanto, eu coloco que há
uma necessidade de tecnologia, de uso, de saber o que está acontecendo nos
subterrâneos da vazão das águas da Cidade que, surpreendentemente, neste
momento, houve alagamentos em diversos pontos da Cidade. Isso, além da questão,
que V. Exa. confessou, crítica das bombas sucateadas da Cidade. Se o DEP tem
recurso ele deveria empregar lá, porque agora, talvez tardiamente, lembrou-se
de recuperar e deixou ao ponto de sucatar. Essa é a minha dúvida e o meu
questionamento. E o diagnóstico dos subterrâneos que estão levando a isso? Essa
questão do asfaltamento, porque o asfaltamento retira a possibilidade de
absorção da água, que, pelo paralelepípedo, é muito mais fácil. E indago: essas
questões que estão sendo levadas coordenadamente entre os diversos setores,
acho que V. Exa., de repente, pode encontrar-se numa situação de isolamento,
porque a SMOV tem um papel para desenvolver, de forma harmônica, essas
questões.
A minha posição é de
esperança, porque talvez esses fatos que ocorreram e, felizmente sem vítimas,
possam despertar aquelas autoridades que têm a responsabilidade, notadamente o
Prefeito Municipal e V. Exa., pela
condição de Diretor desse importante órgão da Cidade, o Departamento de Esgotos
Pluviais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Proponho ao Plenário
que ouçamos os três primeiros
Vereadores inscritos e, depois, abriremos
um tempo para que o Sr. Secretário possa responder os questionamentos,
e, depois, voltamos ao restante das
inscrições.
Queremos saudar a presença
de dois ex-Vereadores desta Casa, o Ver. Cleom Guatimozim e o Ver. Ábio Hervê.
O Ver. João Dib está com a
palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Saúdo
aqui a presença do eminente Engº Vicente Rauber, pessoa que aprendi a
respeitar e admirar. Mas acho que o difícil é compreender o simples, e procuro
sempre ser simples. Não faço críticas apenas por fazer; todas as críticas que
faço são alicerçadas nas informações petistas. Tenho o meu livrinho aqui, o
"Desafio da Mudança", que chamo de bíblia petista, e a minha
preocupação agora em relação ao Departamento de Esgotos Pluviais também se fará
em cima de "Prevenir é o melhor remédio".
O livreto, que foi editado
em 1992, traz informações preciosas. Diz aqui: "Porto Alegre é a primeira
capital brasileira, ou a única talvez, a ter um Departamento de Esgotos
Pluviais, criado na Administração Telmo Thompsom Flores, porque antes era o
DMAE que cuidava os esgotos pluviais". O DEP se criou com o Plano Diretor de Esgotos Pluviais para toda a
Cidade. Vejo algumas coisas no livro do DEP. Diz aqui: "a dragagem do
Arroio Dilúvio é constante para evitar inundações". O Arroio Dilúvio,
segundo o Plano do DEP, tem importância extraordinária no escoamento das áreas
pluviais da Cidade. Diz aqui: "o Dilúvio principal, arroio da Cidade
urbanizada, nasce na Agronomia e segue ao Rio Guaíba, em canal, em meio à Av.
Ipiranga. Possuí inúmeros afluentes dentre os quais destacamos: um no Partenon;
São Vicente, que escoa as águas da Bela Vista à Santa Cecília completamente subterrânea; e Cascatinha, que atende o Morro da Cascata,
Petrópolis e Azenha". Está dito, pelo DEP, a extraordinária importância
que o Arroio Dilúvio possui.
Em 1989, eu chamava a
atenção nesta Casa, de que a Prefeitura, preocupada com a beleza do Arroio Dilúvio, fazia
a limpeza dos seus taludes e jogava o material retirado dos
taludes, grama, pedra, areia e sementes
dentro do arroio. Eu dizia que o Arroio
Dilúvio tinha um caldo de cultura tão grande, e tão importante quanto o Nilo
para o Egito. E não se fez outra coisa, o assoreamento do Arroio Dilúvio se deu
de forma espantosa. Desde 1989, eu
reclamo da dragagem do Arroio Dilúvio. Houve várias tentativas do Dr. Vicente,
da Dra. Leonora, agora o Dr. Vicente novamente, mas o Arroio Dilúvio continua assoreado. É um arroio
importante para vários bairros da Cidade: Partenon, Bela Vista, Santa Cecília,
Morro da Cascata, Teresópolis e Azenha. É fácil de ver, não estou inventando,
centenas de metros de terras acumuláveis, porque as raízes da vegetação retêm a
terra, impedindo o escoamento das águas. Essas águas fazem alagamentos em
locais urbanos como o Parque Santana.
Mas, se tudo isso está
escrito em 1992, dizendo da importância do Arroio Dilúvio, que está assoreado,
sei que se está trabalhando, mas não com a intensidade devida, porque o próprio
DEP permitiu que ele fosse assoreado.
Nunca faço referência insensata, nada que não seja absolutamente simples.
Encerro com uma pergunta:
Por que o DEP, no mês de dezembro, quando tinha cinco milhões e duzentos mil reais
e, portanto, não havia falta de dinheiro, pois a Prefeitura coloca dinheiro no
sistema financeiro, não limpou o Arroio Dilúvio liberando várias áreas da
Cidade? Saúde e paz. Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE: Ver.
Adeli Sell, o Ver. Pedro Américo Leal pede inscrição. Eu faço a sua inscrição e
se houver a desistência de algum Vereador, Vossa Excelência poderá ocupar esse
tempo. Já temos nove inscrições preenchidas.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Esclarecimento): V.Exa. vai considerar todas as inscrições para depois
passar a palavra para o Diretor do DEP?
O SR.
PRESIDENTE: Não, faremos vários blocos até esgotarmos as
inscrições.
Com a palavra o Ver. Adeli
Sell.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Diretor do DEP, Vicente Rauber, tenho acompanhado
com muita atenção o trabalho realizado por V.Exa. no Departamento de Esgotos
Pluviais, com a sua experiência anterior pela passagem por esse importante
departamento e, agora, nesta gestão, no último ano. Chamaram-me a atenção, nos
relatos que recebi e nas conversas que tenho mantido, as inúmeras tarefas
desenvolvidas pelo DEP na nossa Cidade. Creio que isso tem a ver com o
Departamento Nacional de Obras e Saneamento, o antigo DNOS, que foi extinto
durante o Governo de Collor de Mello, e, a partir desse momento, o Governo
Federal não tem um departamento, não tem um órgão que trabalha a questão dos
alagamentos. Isso não é uma questão que diz respeito somente a Porto Alegre,
pois, pudemos constatar, nos últimos dias, que, apesar dos alagamentos em Porto
Alegre, as manchetes dos jornais diziam que havia tido destruição no interior,
e efetiva destruição nós vimos, pela televisão. No Rio de Janeiro, com
tragédias, inclusive vitimando um
gaúcho. Então, eu gostaria que V.Exa. abordasse como ficou a situação depois do
Governo Collor, quais as medidas que a Administração tomou, quais as medidas
que o seu Departamento tomou a partir de então, qual é o acúmulo de serviço, de
obras, enfim, de atividades que acabaram
sendo carreadas para o DEP?
Por outro lado, eu gostaria
de saber de V.Exa., também, que apareceu na discussão pública a respeito dos
alagamentos, a questão da limpeza urbana. Nós sabemos que qualquer grande
cidade sempre tem algum tipo de problema com a limpeza urbana, até porque nós
precisamos, cada vez mais, de um processo educativo para a população, que deve
cuidar onde colocar o lixo, onde colocar os resíduos. Aqui em Porto Alegre, nós
temos adotado medidas para reciclagem, com horários distintos para apanhar os
dois tipos diferentes de lixos. Nós sabemos que muitas vezes é o lixo que acaba
provocando entupimento de bocas-de-lobo. Qual o trabalho que tem sido
realizado, qual a parceria que existe entre o DEP e o DMLU, no caso, e se há
uma perspectiva de alguma campanha educativa, porque nos parece que isso também
é importante, porque não haverá departamento, não haverá dinheiro suficiente
para resolver tais problemas, se não houver uma contribuição da cidadania.
Portanto, esse é um outro elemento que coloco para o debate. Tenho-me
preocupado, meu caro Vicente Rauber; aqui temos um bom debate quando discutimos
os projetos pró-saneamento, inclusive pedimos o apoio das bancadas de oposição
ao nosso Governo para a liberação de verba da Caixa Econômica Federal, para que possamos fazer obras extremamente
importantes para a nossa Cidade. Sabemos que o Bairro São Geraldo é um bairro
muito atingido, mas está prevista uma obra muito grande, além de outros
bairros, o que, inclusive, foi objeto de intervenção deste Vereador na semana
passada.
Pretendo apresentar uma
moção de apoio, de solidariedade às entidades nacionais ligadas ao saneamento e
que estão fazendo um movimento junto ao Governo Federal e à Caixa Econômica
Federal para liberação dessa verba,
porque o pacote do Sr. Fernando Henrique Cardoso suspendeu a liberação da
verba.
Então em razão dessa
situação, nós, enquanto Câmara Municipal de Porto Alegre temos que ver o que
poderemos fazer para que as verbas sejam liberadas para continuarmos tendo a
melhor qualidade de vida de nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr. Presidente, nossa saudação ao Engenheiro
Vicente Rauber. Já foram feitas, aqui, colocações, e a imprensa divulgou aquilo
que toda a população sabe, que é o que acontece quando a volumetria de chuva
atinge a nossa capital. Eu gostaria que V. Exa. esclarecesse, Sr. Diretor, a
questão da terceirização. Eu fiquei muito impressionado - e muitas pessoas me
interpelaram sobre isso -, e pergunto: primeiro, por que a terceirização na
questão das bombas? Segundo, houve um fato grave, ou seja, as empresas da
terceirização foram pegas de surpresa e as bombas não estavam funcionando
naquele momento. Eu quero saber quais as explicações que as empresas deram à
Prefeitura, que é quem as contrata. Foram convincentes? Houve omissão, desleixo
ou simplesmente problemas técnicos? É uma questão importante, porque aconteceu
num domingo ou feriado - não me recordo -, e não tinha ninguém tomando conta.
Então, o fato em si é grave. São aspectos internos da Administração, que nem o
grande público e nem nós, Vereadores e pessoas inter-relacionadas no sistema
que compõe Executivo e Legislativo, sabemos os detalhes.
E, finalmente, Sr. Diretor,
para a nossa tranqüilidade, se as explicações das empresas não foram
convincentes, haverá penalizações? E que tipo de situações vão ocorrer ou já
ocorreram em relação a isso? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O primeiro bloco de perguntas se encerrou com o Ver. Nereu D'Ávila. Então, o
Sr. Vicente Rauber responderá aos quatro primeiros Vereadores.
O SR. VICENTE
RAUBER: Meu
caro Ver. Isaac Ainhorn, eu vou tentar responder na mesma ordem em que as
questões foram colocadas. Eu acho, meu caro Vereador, que eu não usei o termo
"crítico". Mas também não vamos fazer polêmica se eu usei ou não o
termo. O fato é que V. Exa. me dá oportunidade de falar sobre isso. Não é
adequado o termo. Nós não temos nenhuma situação crítica, muito menos catastrófica
em Porto Alegre. Não há nenhuma razão objetiva; se houvesse, eu não seria irresponsável em, estando diante de uma
situação crítica ou catastrófica, dizer que não existe. Isso seria inadmissível
da nossa parte; jamais faríamos isso. Temos, sim, dificuldades sérias que estão
sendo enfrentadas.
Todas as 18 casas de bombas,
no seu conjunto, apresentam, hoje, um funcionamento que está acima de 60, 70%
da sua capacidade. O que estamos fazendo, através desse plano em execução, é
colocá-lo em 100% da sua capacidade. Posso dizer tranqüilamente que a situação
não está crítica porque em outubro, quando grande parte do Rio Grande do Sul
estava, lamentavelmente, debaixo da
água, parecia que não havia chovido em Porto Alegre, porque nós não éramos
notícia. Só somos notícia quando chove e não funciona, e há alagamentos. Quando há alagamentos, podemos fazer muito pouco, a não ser
auxiliar às pessoas atingidas. Mas o alagamento se resolve com grandes ações e
trabalho sempre em tempo seco. Esse é um fato relevante que precisa ser dito.
Então, não há nenhuma
situação crítica em Porto Alegre. Todo o nosso sistema de bombeamento, todo o
sistema de drenagem, que vai desde as bocas-de-lobo, a rede, o canal, a
galeria, o conduto forçado, a casa de bomba, os arroios, funcionaram muito
adequadamente durante o mês de outubro.
Ver. Isaac Ainhorn, tivemos
quatro vezes a média mensal de precipitação de chuvas em outubro, com chuvas
muito fortes e grandes. Lembro de um final de domingo, em que choveu
extraordinariamente forte e prolongado na Zona Norte da Cidade, acompanhamos o
fato. Acredito que como esforço feito pelo conjunto das bombas, especialmente
durante o mês de outubro, e como, de fato, são equipamentos velhos, antigos,
foram sobrecarregados, fazendo com que esses problemas viessem a se manifestar agora. Bem, qual era
o critério que tínhamos para fazer a reforma das bombas? É o mesmo critério que
se usa nas regras usuais de conservação em qualquer lugar do mundo: estragou,
manda consertar.
O que estamos introduzindo,
agora, de aperfeiçoamento é um critério um pouco mais rígido: apresenta algum
critério de deterioração, revisa, desmonta o conjunto. E são conjuntos
extraordinariamente grandes, de 200 cavalos-vapor. É importante frisar isso,
não são equipamentos pequenos, precisa-se fazer toda uma engenharia de montagem
para desmontar um equipamento dessa ordem. Este é o critério que estamos
tornando mais rígido: apresenta qualquer sintoma, desmonta.
Como já frisei, o nosso
Plano Diretor de Drenagem deverá reavaliar o sistema como um todo, dirá que
esta ou aquela casa está subdimensionada, não tem capacidade suficiente. Em
cima desse Plano vamos desenvolver um programa de médio e longo prazo de
substituição desses equipamentos para um projeto mais adequado.
De maneira nenhuma
concordamos que estamos vivendo uma situação crítica. Temos problemas, já
relatei quais são eles. Podemos dizer que, no conjunto esses problemas não
revelam uma situação crítica.
Sobre a questão da taxa de
esgotos pluviais, porque foi usado, ela não é de esgotos pluviais. A única
região que tem uma taxa de esgotos pluviais ou de drenagem é Denver, nos
Estados Unidos. Não é o nosso caso. O nosso caso é de coleta de esgotos,
utilizando a mesma rede que faz a descarga das águas pluviais, que os técnicos
costumam apelidar de rede mista ou rede unitária, que é uma técnica perfeita,
embora seja uma polêmica entre o meio sanitarista e técnico, este tipo de rede
é perfeitamente viável. A Europa lançou
este tipo de sistema, funciona até hoje nos principais países e cidades
européias. Funciona, inclusive, em Tóquio.
Então não haveria nenhuma
razão para não assumir esse sistema e cobrarmos essas taxas e prestar os
serviços. Quero também dizer que não é apenas esse recurso que o DEP aplica,
mas aplicou no ano de 1990, e no seu somatório aplicou bem mais recursos do que
o coletado através dessa taxa. Também não há nenhum problema de fazermos um relatório de todos os investimentos
feitos em reformas, em operação e em conservação que fizemos nas casas de
bombas nos últimos oito anos. Acredito que daqui para a frente teremos que
fazer mais investimentos nas casas de bombas e se o conjunto dos investimentos
for igual, teremos que fazer menos investimentos em redes e galerias. E esse é um dado muito relevante: essas casas
são antigas, mas ao longo da sua história elas não foram tão demandadas assim.
É verdade que nos últimos anos tem chovido mais, mas o fato é que agora a água
chega mais rápida ao posto da casa, e isso porque as redes estão funcionando.
Temos produzido novas obras, a quantidade de redes que o DEP e a Prefeitura
como um todo - o DEP, a SMOV, o DEMHAB - realizam por ano são trinta
quilômetros de redes novas, em média. Portanto o conjunto da infra-estrutura é muito maior e ativa mais
fortemente o sistema de bombeamento, portanto, as bombas são mais exigidas. E
podemos apresentar, sim, esse relatório, e durante as gestões das
Administrações Populares em Porto Alegre, quanto ao sistema de bombeamento,
estou de acordo que daqui para a frente o investimento terá que ser maior,
porque esse é um ponto do sistema que temos que fiscalizar mais. Também podemos
apresentar os nossos investimentos e os nossos resultados no cadastro das redes
pluviais e, diga-se de passagem, que
estava extremamente desatualizado e, hoje, está quase totalmente atualizado.
Ainda temos que, diariamente, fazer aperfeiçoamentos porque, como se sabe, é um
sistema quase todo subterrâneo, e você vai coletando informações e fazendo
atualizações, através das nossas atribuições cotidianas. E também queremos
dizer que temos uma boa integração com
os demais Órgãos, particularmente com a SMOV. Veja que em nossa Cidade não se
desenvolve pavimentação - diferentemente do que acontecia em outras épocas e em outras regiões ainda acontece - apenas colocando a capinha de asfalto, que
é uma forma de resolver o problema do barro, o problema da poeira. Mas as
nossas pavimentações são constituídas, normalmente, por recolocação da rede de
água, por recolocação ou implantação do esgoto cloacal e implantação da drenagem
urbana em todos os programas de pavimentação. Além disso procuramos trabalhar,
inclusive temos o sistema de informação interna de rádio das duas
Secretarias que estão interligadas,
comunicam-se diariamente nas ações de conservações.
O nobre Ver. João Dib
levanta a discussão sobre o arroio
Dilúvio. E reafirmamos com todas as palavras a importância desse arroio para o
sistema de drenagem de nossa Cidade, ele é de fato o ponto central. E nós sugerimos, na gestão passada - aliás já
tínhamos levantado essa proposta em 92 - que encontrássemos um sistema alternativo de fazer o desassoreamento do
Arroio Dilúvio. E reconhecemos que isso não é uma tarefa muito simples, mas
reconhecemos também que essa forma alternativa precisa ser encontrada. Por quê?
Porque enquanto nós não tivermos isso,
não conseguiremos liberar as
margens do Arroio Dilúvio que poderiam ter uma utilização muito melhor. E
tivemos que trabalhar com a implantação desse sistema. Lamentavelmente, o
sistema escolhido até agora não forneceu resultados adequados. E nós vamos
perseguir a idéia de como aperfeiçoar esse novo sistema que foi escolhido ou
então encontrar outro sistema eficiente, enquanto não se resolve essa questão
de uma nova tecnologia adequada. E aqui quero frisar o aspecto de que, toda vez
que você tenta uma nova tecnologia e tem que ter um grau de paciência muito
grande, pois você nunca tem certeza de que ela vai funcionar na primeira
tentativa. Enquanto isso não for resolvido, nós vamos continuar trabalhando com
o sistema mais antiquado e que oferece uma produtividade boa, tanto é que no
ano de 97 nós conseguimos recuperar significativamente o grau de assoreamento,
retirando o dado do Relatório, de 27.500 metros cúbicos. O que vamos fazer em
98 é deixar uma draga, que é uma tecnologia
bastante antiquada, mas o jeito é deixar uma draga, não em todo o
horário diurno porque atrapalha muito o
trânsito, mas em horários intermediários e à noite. É uma providência. No
Bairro Santana, que é da Santana em direção ao Centro, ali, mesmo que o Dilúvio
esteja assoreado, as águas não conseguem entrar, porque a pressão com que ela
vem nos canos é menor que as águas do Dilúvio. O Projeto que prevemos para
aquela região é fazer toda a coleta daquela água e levá-la até a caixa que tem
ao lado do Centro Municipal de Cultura. Isso está em projeto e poderá, se
tivermos financiamento, ser alocado nos próximos anos. Quanto aos 5 milhões,
Ver. João Dib, eles estavam previstos no orçamento feito no último ano da
gestão do companheiro Tarso Genro, quando estávamos em negociação com o BID,
com o Banco Central, para a efetivação da 3ª Perimetral. O DEP participa com
obras dentro do Projeto da 3ª Perimetral, cujos volumes de recursos é
exatamente de cinco milhões e alguma coisa, não sei se é o número exato, mas a
ordem de grandeza é essa. Embora fosse
do nosso desejo ainda efetivar o mais rapidamente possível a contratação com o
BID, ela não foi possível no ano passado e, em função disso, aqueles valores
que estavam reservados para o BID sofreram essa mudança orçamentária.
Ver. Adeli Sell, a
Constituição Federal diz que a União deve emitir, permanentemente, cadastro em
que aconteceram essas inundações. Na verdade, isso foi, na prática,
completamente abandonado. O DNOS foi extinto na gestão Collor. Em Porto Alegre nós tivemos problemas com o
abandono da casa de bombas nº 06 que dá cobertura a todo o bairro Anchieta e ao
aeroporto. Nós acabamos assumindo aquela casa de bombas e integrando-a ao nosso
sistema, só que ela teve que ser totalmente reconstruída, reformada, e hoje
está funcionando. Cito esse exemplo para dizer que o Município, hoje, resolve
essa situação exclusivamente por sua conta e risco. Eu tive oportunidade de
visitar Belém do Pará e o seu Governo Estadual, que neste momento, tem um
programa de nada menos que duzentos e cinqüenta milhões em obras. Quer dizer,
se nós quiséssemos contar com a participação das outras esferas do governo,
certamente, poderíamos acelerar a conclusão do nosso sistema do DEP e do DMAE.
Hoje seguramos no "osso do peito", por nossa conta e risco. Em
relação à Caixa Econômica Federal posso dizer que todo programa adotado por
esta Casa com significativo programa de obras para o DEP, para o DMAE e para o
DEMHAB esses recursos foram contingenciados no chamado pacote do Fernando
Henrique em função da queda das bolsas. Em 26 de dezembro foram estabelecidos
novos parâmetros de contingenciamento, possivelmente, agora contemplando parte
do programa de obras que ficaram retidas em todo o País. No caso dos projetos
do DEP, a informação que tenho da Caixa Econômica Federal é que há uma total
disposição dela em, o quanto antes, assinar esses contratos conosco. Esta, pelo
menos, é a vontade da direção local de Porto Alegre, e todos já estão
encaminhados em Brasília para a respectiva análise dos comitês de créditos,
enfim, da tramitação interna da Caixa Econômica Federal. De qualquer sorte,
estamos aguardando para que isso aconteça o quanto antes, e estamos torcendo
para que sejamos contemplados no contexto da nova situação de contingenciamento
dos recursos federais estabelecidos. Quero dizer que, em relação a esse
aspecto, temo-nos articulado, todas as entidades da área do saneamento: a
ASEMAE, que é a Associação dos Serviços de Água e Esgoto do País, da Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e outras entidades, no sentido de fazer ver
ao Governo que esses recursos já haviam sido destinados, que já havia decisão
dos Conselhos Estaduais de Saneamento e Habitação dos respectivos Estados,
decisões que, na nossa opinião, sejam de Porto Alegre, sejam dos demais
municípios ou Estados brasileiros, esses recursos não devem ficar bloqueados,
pela sua essencialidade, são obras de esgoto, são obras de drenagem, de
abastecimento de água e de moradia popular.
Temos trabalhado e temos
programas para aperfeiçoar-nos na nossa parceria com o DMLU. O programa “Arroio
não é Valão” é desenvolvido com o DMLU e com a SMIC e com a SMAM. Estamos estudando uma parceria para a execução dos
trabalhos.
Voltando à questão levantada
pelo Ver. Isaac Ainhorn, quero dizer que nós não temos uma situação crítica,
como a que verificamos em outras regiões do Estado. No início da minha
exposição eu disse que as características da chuva de Natal, em Porto Alegre,
são muito semelhantes à quantidade de precipitação e o período, portanto,
a característica da chuva que ocorreu é
extremamente semelhante com a que ocorreu no Rio de Janeiro e eu não vou
comentar as conseqüências de cada caso, apenas vou dizer que, por exemplo, duas
casas de bomba, que, naquele momento, ficaram precárias em função do
equipamento que se extraviou durante a chuva, a casa de bombas nº 5 está
completamente recuperada em 100% da sua capacidade, operando com 85% da sua
capacidade.
Finalmente, sobre a pergunta
do Ver. Nereu, a terceirização é uma necessidade em função da própria
circunstância. Aumentou a quantidade de serviço junto à população, aumentamos
as obras e temos a contingência de
poder gastar até 65% do Orçamento. Nessa situação, tivemos que terceirizar. A
pergunta do Vereador é no sentido de saber se essa terceirização funciona, se
deixa lacunas. A contratação é feita com todo o cuidado, tanto o Edital de
Licitação, quanto o Contrato nos permite agir. Agora estamos introduzindo
aperfeiçoamento, achamos que os operadores são qualificados, mas achamos que
devem ser mais qualificados, devem sofrer uma atualização profissional, como
qualquer um de nós precisa sofrer atualização profissional. No caso da casa de
bombas nº 5, que a mídia criticou muito por não haver operador no horário da
chuva, a Empresa responsável nos apresenta dados de que o operador estava lá,
temos informações de que, durante um determinado período, houve falta de energia elétrica, sem a
energia nenhuma caixa de bombas funciona, não temos geração própria de energia
elétrica. Essa polêmica sobre a presença do operador, mais a de que pode ter
havido negligência por parte da empresa, ou por parte dos funcionários do
DEP, gerou uma sindicância interna, que
está ocorrendo. Não cabe ao Diretor do DEP interferir; a sindicância tem que
ter autonomia para chegar a dados. O resultado dela será apreciado por mim e
pelo Prefeito, e serão tomadas todas as providências cabíveis.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra a Vera. Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nobre Diretor do DEP, Vicente Rauber, avaliamos
como muito importante as informações
trazidas pelo Diretor do DEP, na medida em que a Casa está acompanhando,
está atenta: a nossa responsabilidade é de atuarmos cooperativamente no sentido
da gestão da Cidade.
O Diretor do DEP trouxe
algumas informações que me parecem ser importantes. A primeira é da agilidade
com que se buscou enfrentar um período
diferenciado.
Em dezembro tivemos uma
chuva em Porto Alegre, idêntica à média do mês inteiro e isso é uma situação
que precisa ser analisada. Das informações trazidas pelo Diretor do DEP e da
nossa observação, destaco que os problemas ocorridos foram localizados, porque
a rede, como um todo, até pelo trabalho apresentado no relatório de
atividades do ano de 1997, foi
desenvolvida no sentido de uma atuação preventiva. Então não aceitamos aquela
visão catastrófica e que, portanto, não é crítica, é pautada com um
posicionamento político, e não técnico, e na avaliação de um momento da situação
específica de que não é um trabalho preventivo, tanto na recuperação
intensiva do equipamento de drenagem,
da reconstrução da rede pluvial através da limpeza e da dragagem.
Gostaria que o Engº Vicente
Rauber nos apresentasse, aqui, neste plano e neste Relatório de trabalho o
destaque para essa atuação preventiva. Aqui destaco, em especial, pelo respeito
que tenho a todos os Srs. Vereadores, a questão levantada pelo Ver. João Dib, a respeito da dragagem do Arroio Dilúvio, que está no
Plano, cujo assunto o Engº Vicente Rauber poderia desenvolver, ainda, sobre a
limpeza, sobre o desassoreamento e a dragagem, o que foi feito durante o ano
inteiro. O meu caminho, de minha
residência até a Câmara de Vereadores é pela Av. Ipiranga, então, pude observar como ocorre uma
atividade diária do trabalho do DEP, através das atividades diárias do trabalho
do DEP.
Quero referir, Srs. Vereadores, aí, sim, nós temos uma
questão em que precisamos trabalhar juntos, unificados, unidos. Vejam o
seguinte: nós temos cerca de doze milhões previstos para investimento no ano de
1998, necessários que sejam investidos. Boa parte desses recursos, claro que
considerando a contrapartida do Município, vindo através de empréstimos junto
ao Programa da Caixa Econômica Federal, o Pró-Saneamento, cujo contrato ainda
não foi assinado! Isso que foi pleiteado e foi trabalhado durante todo o ano de
1997. O Governo Federal está atrasado quanto a isso. Nós estamos insistindo
junto ao Governo Federal e precisamos
desses recursos em Porto Alegre. A nossa Câmara Municipal precisa ser
parceira, cada vez mais, na busca desses recursos junto aos programas
nacionais. Porto Alegre está sendo descapitalizada, assim como os municípios
gaúchos e deste País estão sendo descapitalizados por uma série de programas de
origem numa nova pauta tributária, que sufoca os municípios e que concentra
recursos na União e no Estado. A extinção do DNOS foi severa para com os
municípios, porque não houve mais possibilidade de investimentos somente com o
que arrecadamos no Município. Aí, todos somos responsáveis, porque, quando buscamos aqui nesta Casa a complementação
dos recursos municipais, através de uma nova iniciativa em relação, por exemplo
à nova planta de valores do IPTU,
recebemos a negativa da Casa. Mas precisamos de recursos para investir.
Os recursos, ou ficam na arrecadação direta ou vêm dos financiamentos que se
pode fazer em outras esferas, inclusive,
nacional.
Para mim, está claro que a
política de que não temos atuado preventivamente é falsa. Nós precisamos, como
Casa, atuarmos organizadamente, em conjunto com o Executivo, para buscarmos
recursos, cujos contratos precisam ser assinados; enfim, entrarem no caixa do
município para as iniciativas que precisam ser tomadas.
Por fim, gostaria de
destacar o trabalho importante quanto à educação ambiental e o programa
"Arroio Não É Valão". Penso que aqui se complementa a cultura com as
obras, e não é possível somente se fazer obras, é preciso investir na cultura
de uma população que tem sempre o que
contribuir, que pode contribuir ainda mais no sentido de que nós tenhamos uma rede desassoreada e o atendimento
preventivo que nós desejamos e temos.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Antes
de passar ao próximo Vereador, eu gostaria de dizer à Vera. Maria do Rosário
que esta Casa sempre se posicionou e sempre se colocou à disposição todas as
vezes em que Município precisou. Os Vereadores que estão aqui há mais tempo são
testemunhas de que esta Casa nunca negou a sua participação.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, o sentido da afirmação desta Vereadora é de dizer que, neste
momento, nós precisamos redobrar a nossa atenção para a vinda desses recursos,
somando, como sempre fizemos.
O SR.
PRESIDENTE: Ver. Paulo Brum, com a palavra.
O SR. PAULO
BRUM: Sr.
Presidente, Diretor do DEP, Sr. Vicente Rauber, a minha saudação. Eu gostaria
de me somar a esta Casa em sua preocupação quanto aos alagamentos que a nossa
Capital vem sofrendo, mas também tenho a plena convicção de que na direção do
nobre Engenheiro, as providências cabíveis serão tomadas. Eu gostaria de
aproveitar a sua estada nesta Casa para lhe passar uma preocupação deste
Vereador. Eu moro na rua Dr. Mário Totta, bairro Teresópolis e, ao lado do
prédio onde moro, existe uma praça. Nós interferimos, junto à SMAM, em 96, e
conseguimos a implantação dessa pracinha, que atende a toda a comunidade
envolvente. Ao lado dessa praça existe uma pequena vila com 20 ou 30 casas, uma
vila irregular, estabelecida ali há mais de 20 anos. Entre essa praça e essa
vila, existe um valo para escoar a água que desce do Alto Teresópolis. A vila
canalizou a esse valo os seus esgotos. A preocupação da comunidade envolvente e
dos moradores do prédio é com o cheiro,
que é insuportável, principalmente no período de verão. À noite, temos que
fechar portas e janelas devido ao mau cheiro. Além disso, as crianças brincam
junto a esse valão.
Em abril, nós encaminhamos,
através desta Casa, um Pedido de Providências para que o DEP tomasse as devidas
providências com relação à canalização de esgotos, de aproximadamente 20 casas
existentes na Rua Dario Totta, próximo ao número 514. A resposta de V. Exa. foi
de que nós deveríamos procurar o Orçamento Participativo. Nós sugerimos aos
moradores que eles se organizassem e procurassem a demanda do Orçamento
Participativo. A preocupação deles é que se recorrerem ao Orçamento
Participativo, a Prefeitura vai tirá-los da vila. Então eu pergunto se todas as
obras do DEP têm que passar obrigatoriamente pela demanda do Orçamento
Participativo? E, neste caso, como é que vai ficar a comunidade que não quer se
mobilizar para que essa obra seja realizada? Existe outra alternativa para que
essa população venha, de fato, a ter os seus direitos atendidos? Até porque
todos nós pagamos IPTU, pagamos as taxas referentes ao Executivo. E se alguma
criança cair nesse valo? Se alguma criança ficar doente, em função do contato
com os dejetos, de quem será a responsabilidade? É essa a minha preocupação. E
vou encaminhar a V. Exa., mais uma vez, uma cópia do pedido, esperando que,
dentro do possível, possamos chegar a alguma conclusão que atenda à demanda
dessa comunidade. Obrigado pela sua presença, Diretor.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Carlos Garcia está com a palavra.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Diretor do
DEP, Sr. Vicente Rauber. No ano passado, em fevereiro, sobre alagamentos;
relendo esse artigo, vejo que ele está cada vez mais atual. Na semana passada, por ocasião da votação do convite para
a sua vinda à Casa, levantei uma questão que julgo muito importante e,
coincidentemente, os meios de comunicação do País veicularam situação idêntica.
Propomos que se faça uma
campanha junto à população, para que se evite, o que há, cada vez mais: grande
parte dos entulhos que levam o represamento, principalmente, nas bocas de lobo
e bueiros. Existem estatísticas que, em média, mais ou menos, cada cidadão
emite um quilo, a um quilo e meio de lixo por dia. Então, entendemos que essa visão
profilática deve ser feita.
Gostaríamos, de ante mão, de
conclamar com os companheiros da Câmara, junto ao DEP, para que possamos fazer,
o quanto antes, uma conscientização da população, em relação à essa questão
ambiental.
Ao mesmo tempo, julgamos ser
necessário - e foi-nos dito que está sendo feita - uma limpeza constante, e
que, talvez, as equipes não sejam suficientes. Mas todos os anos, essa
realidade volta a configurar em nossa cidade. Sabidamente, na época do verão,
as chuvas, aqui, ocorrem em menor espaço de tempo, mas com uma densidade bem
maior.
Ontem, tivemos a
oportunidade de visitar um loteamento da Wenceslau Fontoura e,
conseqüentemente, o assunto levantado pela comunidade foi a rede de esgoto. Ao
mesmo tempo, queremos dizer que havia lá uma equipe do DEP trabalhando. Uma
escola está sendo construída, já em fase final, mas faltam, mais ou menos, uns
30 metros para terminar a obra do esgoto. Não entendemos por que cessou a obra,
na parte final da escola. Ao acesso E, da Rua 1948, há um bueiro aberto, inclusive os moradores relataram que
crianças caíram dentro desse bueiro,
mais de uma vez.
Então, solicitaríamos que o
DEP marcasse mais presença nesse local. Estivemos visitando, nesta semana, o
Arroio Cascatinha, e constatamos que quase todo ele necessita de uma limpeza
mais urgente, porque está com lixo em grande quantidade.
Conclamamos a que se faça, o
quanto antes, uma política ambiental, uma grande propaganda junto à população,
de conscientização, principalmente a questão das garrafas de plástico, que são
elementos não-recicláveis.
Chamamos a atenção para a
questão da limpeza constante. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Sr. Vicente Rauber, com a palavra.
O SR. VICENTE
RAUBER: Companheira
Vera. Maria do Rosário, concordamos com sua manifestação, embora sejamos
suspeitos de falar nos resultados, mas
são resultados de um trabalho
objetivamente realizado e medido.
Portanto, não o DEP, mas a
Cidade de Porto Alegre pode comemorar esses resultados que contribuem decisivamente
para amenizar o problema dos alagamentos em Porto Alegre, sejam aqueles
trabalhos insalubres, feitos pelos operários do DEP, ou serviços terceirizados,
feitos pelos operários da nossa Cidade, que trabalham diuturnamente, limpando,
retirando pedras, lixos dos esgotos, das bocas-de-lobo, dos arroios, para que
as águas pluviais possam escoar, bem como um trabalho de educação ambiental que
temos desenvolvido.
Quanto à questão dos
impulsos do nosso Plano de Investimentos, que foi votado nesta Casa - que são
16 obras da maior relevância -, podemos citar o caso da conclusão do conduto
forçado, na Av. Polônia, canalização parcial do Arroio das Águas Mortas, na
Glória, podemos citar a canalização do Guarujá, na Zona Sul, apenas para citar
3 dessas 16 obras.
De fato, é um programa da
maior relevância, como eu já disse. Os
nossos projetos estão todos em Brasília hoje, e nós aguardamos com ansiedade
uma resposta da Caixa Econômica Federal,
porque são, na verdade,12
milhões. E desses 12 milhões, 80%, portanto alguma coisa na ordem de 9
milhões e 600, que constitui o
financiamento; os outros 20% são a
contrapartida do Município. No que a Câmara puder nos ajudar, com a sua capacidade de articulação política, e
o mais rapidamente resolver a contratação desses recursos, mais rapidamente nós
poderemos dar início a esse programa de obras.
Quanto à questão colocada
pelo nobre Ver. Paulo Brum quero reafirmar a nossa resposta: o plano de obra,
os investimentos são decididos não pelo
Prefeito, não pelo Secretário, e sim pelo Conselho do Orçamento Participativo.
No caso de rede de esgotos temos que ter o seguinte cuidado: se o DMAE possui
um sistema implantado na região, o que
se faz é uma extensão da rede do DMAE, para o esgoto sanitário. Se não,
o que se implanta é a extensão das redes do próprio DEP. No caso de ruas não pavimentadas, que, certamente, é o caso dessa vila, não é praxe se implantar a rede pluvial
pela seguinte razão: primeiro,
porque precisamos de meio fio para
abrir a boca-de-lobo. Mesmo que consigamos isso, o que acontece é que já na
primeira chuva se perde, praticamente, a rede, porque para lá é carreada toda a
terra. E aí, é completamente inócua, em termos de funcionamento, para rede
pluvial. Em ruas não pavimentadas o correto é utilizarem-se sarjetas. Normalmente, a limpeza das
sarjetas é feita pela manutenção das
ruas, através dos equipamentos da SMOV. Mas eu quero dizer o seguinte,
Vereador: esse caso tem um valo, que está cheio de lixo e esgoto, população morando em volta. Esse é o caso
típico que é enfrentado pelo nosso programa
"Arroio não é valão". O que faz esse programa? Ele vai lá,
limpa o valo e o arroio, mostra para a população que é essencial aquele curso
de água, através de educação ambiental e, portanto, procura criar uma nova
situação. Eu anotei o caso, na medida do possível vamos incluí-lo na
programação, não sabemos o mês que será feito, mas será neste primeiro semestre
de 98.
Apesar de o Ver. Fernando
Záchia não estar presente, a nossa Bancada já me antecipou que ele tem uma
preocupação importante. Na opinião dele
todas as nossas bocas-de-lobo deveriam ter grades. A grade, talvez o meu nobre
colega Ver. João Dib possa me ajudar a explicar melhor, é uma solução meramente aparente, porque
quando os plásticos, de uma forma geral,
se juntam com outros componentes, como latinha de cerveja, eles formam
um verdadeiro bloco e se colocássemos grades nas bocas-de-lobo inundaríamos a
cidade. Ou nós poderíamos, quando começasse a chover, colocar um pelotão de
operários em toda a cidade para ir lá tirar o lixo. Claro que isso não seria
possível. Nas situações em que são necessárias as grades, a própria população
coloca e se responsabiliza por isso. O que ela faz? Ela cuida quando tem chuva,
vai lá e limpa, mas aí é por sua própria conta e risco. Como política geral,
para quem opera sessenta, setenta mil bocas-de-lobo, isso seria completamente
inviável. A programação política é fazer com que a boca-de-lobo engula o mais
rapidamente possível a água. Essa é a nossa política para dar eficiência ao
sistema.
Concordamos com o Ver. Carlos Garcia, temos feito
campanhas de educação ambiental. Na medida do possível, vamos incrementar essas campanhas e, por
exemplo, na semana que vem, teremos uma campanha dentro da Vila Farrapos. Os próprios
moradores reconhecem que precisam ter uma melhor relação com o lixo, e eles
mesmos solicitaram a campanha que iremos desenvolver. Agradeço ao Fontoura pelo
seu lembrete, já estava na minha pauta de hoje e, de fato, existe um problema
na escola para ser resolvido, e vamos encaminhar. Agradeço a todos.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Nós vamos passar ao último bloco de questionamentos
dos Srs. Vereadores. Estão inscritos os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Renato
Guimarães e Pedro Américo Leal, que substitui o Ver. Fernando Záchia que, no
momento, não está presente. Passamos a palavra ao Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ:
Ilustre Presidente em exercício, Ver. Juarez Pinheiro, e companheiro Vicente
Rauber, Diretor do DEP. Quero, inicialmente, reconhecer, como cidadão, Vereador
e técnico, o grande esforço que vem sendo feito pela Administração, não apenas
pelo DEP, mas, principalmente pelo DEP nesta área de saneamento, contra as
inundações e enchentes, uma vez que esse esforço passou a ser compulsoriamente,
unilateralmente, colocado sob a responsabilidade da Prefeitura. No nosso País,
tudo aquilo que significa irresponsabilidade, falta de solução, sob o ponto de
vista da esfera estadual e federal, acaba sendo cobrado pelos munícipes para a
esfera municipal, onde se desenvolve o governo municipal, o poder local, e a
grande parte da população, que aprendeu a exercer a cidadania, tem a tendência
a reclamar do município. Mas sempre é bom lembrar que o Governo Federal, de uma
forma unilateral, e eu diria irresponsável, na época do Governo Collor,
abandonou as cidades brasileiras ao programa de saneamento que existia, através
do DNOS, que era um órgão conceituado no nosso País, inclusive com
equipamentos, fazendo um trabalho de grande envergadura no País e em Porto
Alegre, especialmente.
Nós sabemos que os planos de
Porto Alegre previram, já há quatro ou cinco décadas, a existência de um dique.
Toda a Porto Alegre é cercada por uma elevação de terras ou o Muro da Mauá,
para que não haja invasões de águas sobre a Cidade. Mas, paralelamente a isso,
o dique foi feito, as casas de bomba foram projetadas, em grande parte, mas não
foram construídas, e a Cidade, a cada vez que vem uma chuva forte e
intermitente - e, às vezes, são dias de chuva -, fica sujeita a alagamentos.
Nós notamos que, nos últimos
anos, inúmeras soluções foram dadas, e o exemplo da casa de bombas nº 6, na
região do Humaitá/Navegantes, que atende toda aquela área, inclusive o Bairro
Anchieta, é uma solução que foi feita, a rigor, pela Prefeitura por absoluta
falta de critérios do Governo Federal.
Também sabemos que existe a
necessidade de uma educação ambiental que, felizmente, está acontecendo. Sou
testemunha de que, em várias vilas de Porto Alegre, as associações começam a
discutir com muito cuidado esse tipo de coisa, ou seja, não jogar lixo em
qualquer parte, não assumir aquela postura de fazer do riacho um valão, um
depósito de lixo e assim por diante. Acho que também foram tomadas ações
rápidas nessas últimas chuvaradas.
Do nosso ponto de vista,
acho que a Prefeitura vai precisar, realmente, tomar uma atitude de maior
rigor, com já foi dito por V.Sa., com relação à manutenção dos equipamentos já
instalados. Concordo que as grades nos bueiros são passíveis de piorar a
situação.
Tenho uma sugestão, até
discutia isso com o Ver. João Dib, que é engenheiro: há muito tempo eu venho
pensando e fazendo estudos para ver
como resolver esse problema crônico do Arroio Dilúvio. Poderemos
discutir com V.Sa., estamos pensando num sistema de comportas para cada trecho
do Arroio, com os devidos declives e caixas do setor de lodo. Isto, no nosso
ponto de vista, poderia ser feito com um custo relativamente baixo.
Gostaria de dizer-lhe que a
Câmara fez muito bem em chamá-lo, pois esse esclarecimento é necessário para a
população de Porto Alegre. Sabemos que essa população vai colaborar no
sentido de evitar entupimento das
nossas vias subterrâneas e superficiais com lixos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Renato Guimarães está com a palavra.
O SR. RENATO
GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, companheiro Vicente Rauber, Diretor do DEP,
devemos aproveitar esse debate realizado nesta Casa, sobre os serviços do DEP,
sobre o quadro existente na Cidade de atendimento dos serviços de macrodrenagem
e microdrenagem. É indiscutível que se processa uma municipalização forçada dos
serviços na Cidade e, por conseqüência, uma centralização de recursos na União.
Acredito que isso está criando, não só no nosso Município, mas em todos os
cinco mil municípios do País, sérios
problemas que trazem conseqüências para o dia a dia. A Cidade empobrece,
faltam recursos para investimentos; também a Cidade cresce, surgem novas vilas
aumentando a infra-estrutura. Temos que fazer um debate em que se defina para onde queremos que a
Cidade cresça, que Plano Diretor de Meio Ambiente queremos para a Cidade para
que possamos pensar e planejar a Cidade,
prevenindo. Mas não podemos deixar de chamar à responsabilidade as
esferas estaduais e federais, porque foi divulgada a extinção do DNOS em nível
federal e muito pouco se viu em contrapartida. Não se viu que o Governo Federal
tenha assumido a responsabilidade dos serviços que o DNOS fazia, no sentido de
repassar recursos para que esses serviços pudessem ser mantidos pelos
municípios.
Destaco, também, que foi
discurso do Governo Federal, para privatizar grandes empresas, que o dinheiro
seria usado para a modernização dos serviços nos municípios e foi usado como
exemplo a questão da macrodrenagem nas grandes capitais. O Governo Federal fez
o discurso de que mandaria dinheiro das privatizações para projetos na área da macrodrenagem nas regiões
metropolitanas. Esses recursos ainda não chegaram ao Município de Porto Alegre.
É interessante colocarmos
essas questões neste momento para que a
Câmara de Vereadores de Porto Alegre também chame à responsabilidade o Governo do Estado e o Governo Federal.
Conjuntamente às ações que o
DEP faz, temos que chamar outros departamentos da Prefeitura, SMAM, DMLU, SMOV,
para um debate sobre a questão da prevenção. Acho que o trabalho desenvolvido,
com outros setores da Prefeitura, no Projeto "Arroio Não é Valão"
mostra o caminho. Na região onde militamos foram feitos um conjunto de atividades
nesse sentido de educação ambiental, e já estamos vendo o resultado disso.
O conjunto de pequenas obras
de pavimentação na Cidade trazem a ampliação da rede de microdrenagem. Estamos
falando de uma Cidade que tem mais rede de microdrenagem. Da mesma forma que em
outras políticas, na política de saúde, o governo da Administração Popular está
protocolando um conjunto de projetos em nível estadual e em nível federal, por
exemplo, o caso do Pronto Socorro onde estamos buscando recursos junto à Assembléia
Legislativa e junto ao Governo Estadual no sentido de que haja uma
responsabilidade global pelos serviços prestados. Gostaria de saber da
possibilidade de nós fazermos uma parceria junto ao Governo Estadual e o
Governo Federal para a modernização das casas de bombas de Porto Alegre e,
também, no sentido de uma ampliação, se o nosso Plano Diretor assim determinar?
O SR.
PRESIDENTE: Com
a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Diretor do DEP. Eu estava em minha residência
quando o ex-Deputado Federal Victor Faccioni, há uma semana e pouco, me
telefonava e ele disse que telefonou para
o Ver. Dib e que ele está, também, muito preocupado com os alagamentos
de Porto Alegre. Vejam que os assuntos possuem vasos comunicantes. Porto Alegre
está com grande parte de seu território no nível do mar ou do Guaíba, ou rio
Gravatai. Então estamos diante de vasos comunicantes.
Eu venho fazer perguntas,
não venho dar respostas ou inquiri-lo, Sr. Diretor.
Como podemos fazer para
aliviar Porto Alegre dessa inundação? Cada vez que chove, repentinamente, a
Cidade inunda. Isso tira o sossego da população. Deixa aqueles que trabalham
contrariados. Parece que a chuva escolhe horário. Justamente no horário de
saída dos trabalhadores é que chove. Isso tem trazido muitos transtornos e
precisamos aliviar a nossa população desses percalços
Parece que existem dezoito
casas de bombas. O meu assessor técnico para assuntos da Prefeitura, que é o Ver. João Dib, me disse que cinco ou oito
das bombas funcionam. O que se pode
fazer? Parece que temos de mandar essa
água toda de volta. Como fazer isso?
Volto ao Ver. João Dib,
porque sempre se preocupou, num período de dez ou quinze anos, e disse que
tínhamos que desassorear o Arroio Dilúvio. Temos que tirar aquela areia e os
entulhos de lá. E também temos que nos preocupar com as bocas-de-lobo.
O Ver. Carlos Garcia
escreveu um artigo sobre o assunto.
Porto Alegre está alagada. Temos que resolver este problema. Temos de deslocar verbas. Ainda o meu assessor para
assuntos da Prefeitura Ver. João Dib me aponta uma solução: vamos deslocar
verbas da Perimetral, enquanto a Perimetral não se faz. Procuro me instruir e
saber das coisas, porque o meu forte é segurança e saúde. V. Exa. sabe que os
Vereadores fazem clínica geral e se especializam em alguns ramos. Mas, de
qualquer maneira, essa verdade é cruciante.
Lembro-me que uma vez, na
Av. Padre Cacique, eu já flutuei, com um Opala. Não sei em que ano, 81 ou 82,
eu flutuei como se estivesse em uma lancha, ali nas imediações do Sport Club
Internacional e do Hospital Mãe de Deus. Flutuei e fui auxiliado por populares.
Não sei se ocorre hoje em dia o mesmo estado de navegação, mas é preciso que
nós encontremos soluções para isso. O que é que se pode fazer a curto, médio e
longo prazo? Eu sei que V. Exa. não é mágico. Não estou falando com “Mandrake”;
eu tenho a consciência de que estou lidando com um homem público e, como tal,
eu ventilo soluções. V. Exa. pode ter certeza que terá todo o apoio desta
Câmara. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Diretor-Geral do DEP, Vicente Rauber, está com a palavra para os
esclarecimentos finais.
O SR. VICENTE
RAUBER: Em
primeiro lugar, quero pedir desculpas aos companheiros Clovis Ilgenfritz e
Renato Guimarães, pois, como as questões levantadas pelo Nobre Vereador, Cel.
Pedro Américo Leal são mais técnicas, eu vou tentar respondê-las primeiro.
Ver. Pedro Américo Leal, os
vasos comunicantes entre - e o seu "assessor técnico" João Dib pode
explicar isso melhor, até porque ele participou dessas obras - os rios Gravataí
e Guaíba foram cortados e toda a entrada de líquidos - águas, esgotos,
efluentes e tudo mais - são desviados para esses rios, através de bombeamento,
e neste caso, através de quatorze casas de bombas, ou através de condutos
forçados que descarregam diretamente no rio Guaíba - pela diferença de nível -,
ou através de arroios, como é o caso do arroio Dilúvio. Agora, existem os vasos
comunicantes internos, embora eles tenham uma determinada declividade para
fazer a descarga dos esgotos, tanto pluviais quanto cloacais, eles podem dar
retorno perfeitamente.
Portanto, se temos essa
inclinação e se tivermos um erguimento de água num nível acima destes, naturalmente
ele vai refluir. Esse é um aspecto que levamos em consideração em todos os
projetos que executamos na Cidade para aperfeiçoar a rede já existente, mas a
rede não é perfeita em todas as suas extensões, ou ela não está completa em
todas as suas extensões, temos que frisar isso. Nos chamados vasos comunicantes
internos, eles podem tanto levar como trazer. No sistema que implantamos,
tomamos esses cuidados para evitar que isso aconteça, mas nem tudo é perfeito.
Posso relatar e frisar, novamente, que não são cinco bombas que estão
funcionando, temos neste momento, aproximadamente, 70% da nossa capacidade de
bombeamento funcionando. Claro que há regiões mais críticas, como a região do
Sarandi através da casa de bombas nº 10, que aliás foi recentemente reconstruída;
o Anchieta e o Aeroporto cobertos pela casa de bombas nº 6, que estava
literalmente abandonada e reconstruímos, e essas bombas, tanto a 10 como a 6,
estão com 100% da sua capacidade de
operação. A casa de bombas nº 5, que dá cobertura à Humaitá e à Vila Farrapos
também está funcionando com 100% da sua capacidade de operação. A outra região
crítica: Santa Maria Goreti e Passo da
Areia, que está com aproximadamente 80% da sua operação. Portanto, temos problemas
ainda nas outras casas e, pelo relatório que apresentei aos Senhores,
antecipamos os trabalhos que estamos fazendo e, em anexo, há a relação das 18
casas de bombas, com os respectivos interesses e as suas áreas de proteção.
Reafirmamos, aqui, o que já
havíamos falado: temos problemas, mas as nossas ações pretendem chegar, o mais
rapidamente possível, a 100% da capacidade operacional das nossas casas de
bombas. Friso que isso foi, amplamente, divulgado por um veículo de comunicação
da nossa Cidade e houve um equívoco sobre o que foi dito: "que as nossas
casas de bombas teriam plantão, até às 10 h da noite". Explico: o plantão
que temos até as 10 h da noite é o plantão das turmas que fazem trabalhos
rotineiros de limpeza de bocas de lobo, de redes e de equipamentos. Eles ficam
até esse horário, justamente, para atender emergências em caso de chuvas. E,
quando não chove, atendem serviços normais. A operação é feita durante as 24 h
do dia, 365 dias por ano, faça chuva, ou faça sol. Assim o operador tem que
estar lá, porque estamos sujeitos a chuvas a qualquer hora - vai chover, então,
vamos buscar o operador em casa, isso jamais funcionaria -, mesmo porque essas
casas são patrimônios significativos e lá deve ter gente permanentemente.
Queremos aperfeiçoar as relações com as empresas terceirizadas, para que os
operadores sejam mais qualificados, e caso já o sejam, queremos qualificá-los
mais.
A curto prazo, estamos
realizando esse nosso plano de emergência. A médio prazo, vamos continuar
fazendo as obras do nosso plano de obras - e os nossos Vereadores são
testemunhas de que, se não resolvemos de todo, pelo menos, amenizamos
significativamente as situações que não têm 100% de solução. Então, ameniza-se
o máximo possível. O exemplo citado, da Padre Cacique, é um, mas naquela região
temos outras melhorias que precisam ser feitas, mas já melhorou
significativamente, não temos uma solução completa ainda. Mas, a longo prazo,
quem vai definir é o estudo que vamos realizar neste ano com a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, que é o nosso Plano Diretor de Drenagem, que é um
Plano Diretor que vai nos dizer qual a casa que não tem mais capacidade para
atender à sua demanda, que precisa ser ampliada, ou tomarmos outras medidas.
Por exemplo, em vez de ampliar a casa de bombas se pode construir um grande reservatório
de água, o Prefeito Maluf, de São Paulo, chama isto de "piscinões".
Os nossos técnicos chamam isso de bacia de amortecimento, que amortece o pico
da chuva. Que é uma das alternativas que já utilizamos em Porto Alegre, por
exemplo, em Ipanema.
Concordamos, apenas queremos
sugerir acrescentar no seu discurso sobre saúde, que saneamento também é saúde,
aliás, é saúde preventiva.
Quanto às questões colocadas
pelo Ver. Clovis Ilgenfritz reafirmamos que daqui para a frente teremos que
fazer investimentos maiores nas casas de bombas, realocar parte do que estava
destinado a galerias, transferir para casas de bombas. Isso será feito segundo
o Plano Diretor, pois são investimentos pesados que precisam ser bem estudados.
Como técnicos, sabemos da importância de sempre fazer projetos bem orientados.
Quanto à pergunta do Ver.
Renato Guimarães, a emenda ao Governo Estadual foi feita em 1991, uma
articulação metropolitana, fizemos uma emenda para alocação de recursos
estaduais destinados a obras de macrodrenagem na Grande Porto Alegre.
Semelhante à emenda do Pronto Socorro, também esta foi rejeitada.
Atualmente, o nosso companheiro,
Prefeito Raul Pont é o Presidente da GRANPAL, estamos fazendo uma articulação
forte com os Conselhos Regionais, da qual Porto Alegre faz parte e tentamos
encaminhar emendas. Vamos estudar a sua sugestão de trabalharmos uma emenda
para o sistema drenagem, para o sistema de desenvolvimento da nossa
Cidade. Terei a máxima satisfação em
ser convidado para todas as oportunidades em que forem desejadas a minha
presença aqui, nesta Casa. Até como eu disse no início, esse tipo de tema tem vários aspectos que precisam ser
esclarecidos, como, por exemplo, esse de que em nenhuma cidade do mundo projeta
e implanta sistemas para atender todas as chuvas, porque seria absolutamente
inviável economicamente, seria uma má-gestão de recursos públicos. Se assim
fosse feito, porque se atende à maioria das chuvas e às chuvas excepcionais,
nós, cidadãos, temos que ter alguma convivência com ela, claro que sempre sem
colocar em risco a vida e a propriedade das pessoas. E, continuamos trabalhando
para levar adiante o nosso plano de obras e o nosso programa de conservação,
recuperação do sistema pluvial contra a inundação em Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Agradecemos ao Diretor do DEP que aqui compareceu, face a um Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. Procedimento
com fundamento no art. 138, do Regimento da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre.
Vamos suspender os trabalhos
para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos
às 12h12min.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - às 12h13min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. João
Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na quinta-feira que passou, eu solicitava uma
Moção de Repúdio não a uma pessoa, mas a uma declaração de uma pessoa que
dizia, no programa do jornalista Flávio Alcaraz Gomes, na Rádio Guaíba, que os
políticos são corruptos. No dia
seguinte, um comentário do jornalista e jurista, Marco Túlio de Rose defendia
os políticos.
Estranhamente, Sr.
Presidente, eu ouvi que deveria documentar, e me foi encaminhado o Processo
para que eu fizesse isso. Eu acho que o Vereador tem palavra, especialmente se ele tem a tradição de cumpri-la, me
socorre o Ver. Pedro Américo Leal. Mas na justificativa, que poderia ter feito
da tribuna, e fui impedido, eu poderia ter esclarecido a minha Moção de Repúdio
a uma declaração, não a uma pessoa, e, no entanto, eu não consegui. A Bancada
do PT, pelo menos comigo, duas vezes faltou com a palavra: em 92 e em 97. Em 92
faltou com a palavra quando a Mesa não cumpriu o acordo em relação ao aumento;
e, em 97, quando me prometeu que em abril mandaria, se eu retirasse o pedido de
uma Comissão Especial para analisar o problema do “Shopping Cristal”, um
segundo projeto a esta Comissão, pedindo a urgência. Naquele momento em que a
Bancada do PT pedia urgência, eu pronunciava um discurso - está aqui no
processo - e dizia que um homem se media, segundo os cães, pela sua palavra. E
eu dizia, textualmente, que na Bancada
do PT havia Vereadores que tinham latido e não falavam. Essa cópia do discurso
está incluída na resposta que estou dando à Mesa, como também está incluído o
discurso do Ver. João Motta, logo em seguida, quando ele dizia que eu tinha 50%
de razão. Sr. Presidente, na minha Justificativa estou dizendo que a palavra do
Ver. João Dib seria no embasamento solicitado pela Presidência. No entanto, o
Ver. João Dib, diligente, está tentando conseguir, desde quinta-feira, as
gravações do programa Flávio Alcaraz Gomes em que a Deputada diz que os
políticos são corruptos. Eu não sou, e
conheço muitos que não são corruptos. Também estou tentando conseguir o
comentário do Jornalista Marco Túlio De Rose, - talvez eu consiga hoje - e, se
conseguir, terei um prazer imenso de, neste Plenário, fazer rodar as gravações
para que se veja que o Ver. João Dib falou a verdade. Eu sempre disse, na
tribuna, que um político inteligente não mente; ele pode deixar de falar, mas,
quando falar, tem que ser a verdade. Eu lastimei profundamente que a Casa, onde
convivo há 27 anos, tenha colocado em dúvida a minha palavra. Eu havia ouvido,
não lido, eu ouvi, mas ouço muito bem.
Mas, respondendo a
solicitação, tendo em vista o Requerimento da Vera. Maria do Rosário, aprovado
nesta data pela Comissão Representativa, solicitando a juntada de documentação
que embase a afirmativa constante do presente Requerimento; e eu disse que a
palavra do Vereador embasaria qualquer solicitação de moção, até porque eu sou
contrário às moções, e se fosse uma moção de repúdio à pessoa eu não faria e,
muito menos, assinaria, mas eu estava fazendo uma moção de repúdio à declaração
de uma pessoa que, insensatamente, o fez, mas que repetiu, segundo o jornalista
Raul Moreau, no programa Pampa Boa Noite e, ainda, perguntada se confirmava,
confirmou.
Desta forma, Sr. Presidente, eu encerro o meu pronunciamento
pretendendo, talvez amanhã, conseguir levar ao ar as duas fitas. De qualquer
forma, conseguindo ou não, saúde e paz, até para a insensata Deputada. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, o dia de hoje não é um dia de
tranqüilidade para os trabalhadores do nosso País. Nós observamos a votação,
ontem, e a aprovação de uma nova forma nas relações trabalhistas que golpeiam,
no fundamento, a Consolidação das Leis Trabalhistas e as tradições
estabelecidas no nosso País.
Nós vivemos, sem dúvida, um
processo de precarização das relações de trabalho. Esse é um fenômeno
articulado ao sistema, ao projeto neoliberal, como um todo. Temos denunciado
que a precarização dessas relações só tem contribuído ainda mais para o
desespero de milhares de trabalhadores; tem contribuído no sentido do
desemprego, das filas enormes nas
segundas-feiras de pessoas que sofrem, jogadas de um lado para o outro, que
aqui, na nossa Região Metropolitana, já somam mais de duzentas e trinta mil
pessoas desempregadas. Quero manifestar o nosso protesto veemente quanto a essa
precarização das relações de trabalho estabelecidas na votação de ontem no
centro do País, onde, sem dúvida, se está de costas para tudo o que acumulamos
e conquistamos em termos de ações. Quero dizer, também, da necessidade de
protestarmos, nesta hora, quanto a uma
maioria que se estabeleceu, de forma cega, na Assembléia Legislativa do Estado
e que, enfim, no dia de ontem, também, jogou oitenta mil trabalhadores da
educação num quadro em extinção no Estado do Rio Grande do Sul, sem nenhum
diálogo com esses trabalhadores, sem nenhum diálogo com os municípios, com os
secretários de educação dos municípios. Dois
projetos foram aprovados ontem, sem que o Rio Grande os tivesse
debatido. Para Porto Alegre, Srs. Vereadores, informações da nossa Secretaria
Municipal de Educação apontam que estaremos perdendo, por conta desse fundo
nacional chamado de Valorização do Magistério e Desenvolvimento da Educação,
cerca de nove milhões de reais. Acho que, como Câmara Municipal, precisamos, mais uma vez, estar
posicionados.
E quero, por fim, dizer aos
Srs. Vereadores, que quando solicitamos a instrução da Moção de Repúdio, que
teve como signatário o Ver. João Dib, solicitamos, não por qualquer dúvida
acerca da palavra do homem público e do Ver. João Dib, mas porque é preciso que
tenhamos aqui clareza de repudiar. Estamos, sim, sendo chamados a repudiar, e
não pela atitude de denúncia da Deputada Luciana Genro, dos Deputados do campo
da oposição, dos trabalhadores da educação, hoje em um quadro em extinção, dos
que protestaram contra o que observamos no Congresso Nacional e aqui no Estado, quando, numa convocação
extraordinária, votam-se e modificam-se a vida de milhares de pessoas, e as
relações estabelecidas em áreas sensíveis, como no mundo do trabalho e na área
de habitação no nosso Estado. Estamos sendo chamados a repudiar uma convocação
extraordinária, uma pauta tão sensível, que diz respeito a todos os
brasileiros, e como essas pautas estão
sendo definidas. São maiorias que se estabelecem no Congresso Nacional
aprovando aquilo que determina o
Presidente da República; no Estado do Rio Grande do Sul, aquilo que
determina o Governador do Estado. Maiorias que colocam esses dois amplos
parlamentos como que submissos aos Poderes Executivos, maiorias que comprometem
a legitimidade das suas decisões. Portanto, Ver. João Dib, quando esta
Vereadora em nome do PT pediu instrução para a solução, pediu, também, uma reflexão sobre o momento que estamos
vivendo, sobre as densas questões que estão sendo discutidas e sobre como
precisamos estabelecer o debate dessas questões. Uma violência contra os
municípios, uma apropriação indébita, 60% do salário educação pelo Governo do
Estado em detrimento dos municípios, e na precarização das relações de
trabalho, como a CLT foi golpeada no dia de ontem, no Congresso Nacional.
Queremos discutir o mérito dessas questões, como vamo-nos posicionar como
Câmara de Vereadores.
Por fim, queremos dizer que
confiamos na palavra do homem público Ver. João Dib, mas a interpretação do
Vereador foi completamente diversa da que temos do pronunciamento e sobre os
fatos políticos dos acontecimentos no dia de ontem, no Senado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Visivelmente, não há quórum. Os trabalhos da presente Reunião
estão encerrados.
(Encerra-se a Reunião às
12h28min.)
* * * * *